Kiss

Série sobre tragédia teve participação de profissionais bageenses

  • Reprodução FS - Produção é a mais vista na Netflix Brasil

Produção é a mais vista na Netflix BrasilReprodução FS

A série Todo dia a mesma noite estreou nesta semana na Netflix, a gigante do streaming. A obra, que está em primeiro lugar entre as séries mais assistidas no país, teve cenas gravadas em Bagé e a participação de bageenses em sua produção. Adriana Gonçalves fez a produção de figuração e Michel Godinho foi o assistente de produção de figuração. A dupla se dedicou e muito ao trabalho e conversou com a reportagem não só sobre o período de gravações, mas também sobre a repercussão da série, que tem dividido a opinião dos espectadores.

A produção, vale mencionar, é baseada no livro sobre a tragédia que ocorreu em 2013, quando 242 jovens morreram em Santa Maria. Questionada sobre como foi para ela, tanto no aspecto profissional como pessoal, participar da produção da série Todo dia a mesma noite, Adriana enfatizou que o trabalho fluiu muito bem (ela, aliás, também fez a produção de carros em cena). "Houve sintonia com a equipe, organização, confiança e respeito com os bageenses que fizeram parte", mencionou. "Foi o trabalho que mais curti, desses que passaram por aqui, como O Tempo e o Vento, a Guerra do Paraguai - 150 anos, para o History, que fiz direção de arte", acrescentou. Adriana garantiu que os envolvidos eram tranquilos e sempre agiram de forma respeitosa com a equipe local. "Acho que pela pessoa e profissional que é o Ricardo Karam, que coordenou a produção com maestria", destacou.

Adriana citou que Michel Godinho fez assistência de produção de figuração e atuou ao lado dela. "Fomos a boa dupla de trabalho, cumprimos nossa função com a devida responsabilidade. Foi puxado, mas um boa experiência, set tranquilo de trabalhar, engrenagem em sintonia", pontuou, ao elucidar como era o trabalho. "Combinávamos quem íamos chamar a partir dos perfis que a assistência de direção nos passava. O Michel fazia essa ponte e eu ficava com atenção no set. A sistematização de planilhas e organização era paralela a isso, diariamente. Foi tranquilo. Pessoal todo gente boníssima", relatou.

“A linguagem me comoveu”
Quando a ideia foi avaliar a experiência pessoal, Adriana admitiu que foi algo tocante. "O set de filmagem trazia a memória da tragédia e o sentimento da responsabilidade do trabalho, em respeito às vítimas, aquelas que morreram e as que ficaram", argumentou. "Ao ver a série finalizada, com todas as camadas de tratamentos, a linguagem me comoveu. Fiquei abalada. Estou fazendo doutorado na UFSM, tenho ido semanalmente a Santa Maria, e mais sou afetada ao andar pelas ruas, falar com as pessoas. Lá todo mundo conhece alguém que morreu, que perdeu alguém", sustentou.

Para ela, é importante a preservação da memória. E defendeu que a linguagem audiovisual tem também esse papel fundamental na sociedade, que é preservar memórias, histórias. "Acho que a série cumpre seu papel, marca presença na data dos 10 anos da tragédia. E conta esse lado, que talvez nem todos saibam, a impunidade, como se deu esse processo", pontuou. Adriana lembrou que, cotidianamente, as pessoas assistem filmes e séries que são baseados em fatos reais. Mas entende o motivo pelo qual é tão difícil para os bageenses, gaúchos e brasileiros maratonarem essa série. "É que essa história da Kiss é muito próxima a nós. Santa Maria é cidade vizinha, tem vítimas cujas famílias moram aqui. Então, a gente sente de maneira mais intensa essa tristeza", sustentou.

“Para que não se repita”
Ainda sobre a repercussão, uma vez que a série é a mais assistida no país e nas redes sociais gerou verdadeira comoção, Adriana avaliou tudo como positivo. "A série traz um esclarecimento da narrativa dessa batalha e luta jurídica travada pela associação dos pais das vítimas da Kiss. Aborda essa impunidade - até hoje ninguém foi responsabilizado pelas perdas. Inclusive, me pergunto como aquele lugar funcionava todo irregular", afirmou, ao abordar o que muito se perguntam há uma década. Já Michel Godinho afirmou que foi uma imensa responsabilidade ter participado na produção de figuração local de algo que avalia como tão impactante, mas que precisava ser contado.

"A tragédia é algo que nos pertence e ainda muito recente, principalmente pelos desdobramentos, cuja justiça ainda não foi devidamente aplicada, motivo pelo qual a série existe. Então, qualquer envolvimento torna tudo muito delicado. Mas é importante registrar que produção, elenco, direção foram de um profissionalismo e de uma delicadeza absurda, o que torna todo o processo de muito orgulho para quem nele trabalhou", avaliou.

Para ele, toda a repercussão é consequência do fato que o público tem se identificado muito com essa dor e com a necessidade de se apurar os fatos ainda impunes. "E a série vem justamente nesse caminho de questionar, cobrar, punir e diz muito sobre como a sociedade e a justiça têm tratado nossas dores desde sempre: a insistência inútil de esconder o passado, o que transforma um esquecimento em virtude", pontuou. Godinho, por fim, mencionou que a identificação também ocorre porque são histórias de amor de pais e de mães. "Para que não se esqueça, para que se não repita", finalizou, ao sintetizar a importância do trabalho.
CRÉDITOS Reprodução FS

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