Memória

Série e livro abordam luta por justiça

  • Reprodução FS -

A série Todo dia a mesma noite estreou nesta semana na Netflix, a gigante do streaming. A produção divide a opinião dos espectadores - muitos afirmam que a tragédia da boate Kiss é muito recente para ganhar as telas e que o audiovisual machuca todos aqueles envolvidos diretamente com o incêndio. Há quem defenda, contudo, que o audiovisual dá visibilidade para a luta das famílias, que, há uma década, buscam justiça. Muitos sobreviventes, amigos e familiares comentam, nas redes sociais, a importância do que aconteceu não ser esquecido, e isso é garantido pela repercussão dos lançamentos.

Todo dia a mesma noite teve cenas gravadas em Bagé e conta com cinco episódios. A produção é baseada no livro sobre a tragédia que ocorreu em 2013, quando 242 jovens morreram em Santa Maria. A diretora-geral da série é Julia Rezende, que afirmou que contar uma história ficcional inspirada em um fato real, que destruiu a vida de tantas pessoas e chocou o país, é uma grande responsabilidade.

Ela garantiu que tudo foi feito da maneira mais sensível e honrosa possível, à perspectiva de quem viveu tudo aquilo de perto, e ainda vive, já que os familiares das vítimas ainda buscam por justiça. “Não podemos jamais esquecer o que aconteceu. Este projeto é um passo importante para a construção da memória coletiva do país”, afirmou a consultora criativa Daniela Arbex, jornalista que assinou o livro homônimo, no qual a série é baseada.

Uma das cenas gravadas em Bagé recebeu bastante atenção da mídia e do público, que questiona se o que foi retratado de fato aconteceu como a série mostra. Trata-se da cena em que os pais de uma das vítimas busca pelo carro do filho em um estacionamento. Isso no primeiro dos cinco episódios. Em uma passagem do livro, a autora conta justamente isso, a história de Guto.

Os pais, na esperança de que o filho não estivesse dentro da boate, foram até o estacionamento de um supermercado, onde por vezes os carros de quem frequentava a Kiss eram estacionados, e começaram a busca pelo automóvel da família. Se o botão do alarme do carro apitasse, eles encontrariam o carro e teriam certeza de que o filho ainda estava dentro da Kiss, se não, o filho estaria em outro lugar. Em uma sequência tensa, eles chegam a acreditar que, de fato, o filho havia se salvado, mas, quando estavam quase deixando o estacionamento, verificam que o veículo de fato estava lá.

Tal qual dezenas de pais, os de Guto só tiveram a confirmação da morte do filho após o procurarem entre os corpos em um ginásio. Todo o dia a mesma noite, ontem à tarde, não só estava entre as produções mais assistidas no país, como liderava a lista de séries mais vistas. Isso na Netflix. O próprio Diário de Santa Maria, em reportagem sobre o lançamento da série, destacou que o foco da narrativa recai sobre o longo período de luto dos familiares dos mortos, principalmente os pais, e como eles decidiram que a luta por justiça deveria ser incessante. O veículo também pontuou a fiel reprodução dos cenários de Santa Maria, principalmente o da fachada da boate Kiss, e lembrou que, para não gerar um desconforto na população, a produção optou por não realizar gravações na cidade.

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